Reinventando a roda: um exercício de humildade acadêmica!
Pelas sendas de meus estudos acadêmicos, encontrei uma informação que, a priori, me pareceu irrelevante, porém interessante – aqueles dados de cultura inútil que por mais inútil que parece a gente sempre usa e eles sempre estão presentes. O dado dizia respeito de Freud e seus amigos. De fato, não era diretamente sobre Freud.
Aparentemente, um psicanalista tão absorto quanto Freud desenvolveu técnicas e teorias similares às dele. Seu nome: Georg Groddeck. Teixeira Coelho apresenta em um de seus escritos a informação seguinte: Groddeck já praticava a psicossomática desde 1895 e que acreditou durante certo tempo ter, ele próprio, inventado a psicanálise. Apenas em 1911 soube oficialmente das idéias de Freud. Primeiro foi a frustração de ver que alguém se antecipou a ele, depois, segue-se aqueles momentos de crítica e rejeição. Num terceiro momento, a rendição. Groddeck reconhece a precedência de Freud e inicia com este uma troca de idéias registrada em cerca de 80 cartas ao longo de oito anos (apud, GRODDECK, 1997).
Ok! Mas o que isto tem que ver com minha situação e este post. De fato, a informação me chamou a atenção porque Groddek passou anos sendo enganado. Não por um outro alguém, mas pela sua própria ignorância. Era mais fácil achar-se um gênio, se não há contato com outros cujo os gênios lhe superam a capacidade. A ignorância acadêmica deste psicanalista lhe pegou no calcar de Aquiles, fragilizando-o severamente. A rendição acabou por provar, no meu entender, que ele reconheceu que não poderia ir além daquelas pobres idéias melhor desenvolvidas nos livros de Freud. Pobre dele... e pobre de mim!
Há alguns anos, pensei ter desenvolvido uma perspectiva que enriqueceria o modo como vemos os atributos divinos. A teologia sistemática apresenta dois tipos de atributos divinos: os incomunicáveis e os comunicáveis. Os incomunicáveis, são prerrogativa divina; porém os comunicáveis são comuns aos homens e a Deus; o Criador de onde os homens derivam sua imagem. Ao aprofundar-me, percebi que os atributos divinos, uns e outros, poderiam se entrecruzar e oferecer uma terceira categoria. Nascia o que para mim seria um achado teológico; nasciam os “atributos qualificativos”.
Minha teoria era de que alguns atributos de Deus qualificavam outros. O parto foi mais ou menos assim: Estudando sobre santidade percebi que o tema era amplo, rico e importante nas Escrituras. A raiz da palavra santo está presente numa série de palavras que aparentemente não levam à imediata conclusão da santidade divina. Em seguida, no estudo do Amor de Deus, vi que o amor de Deus é poderoso para santificar o objetivo amado. Logo percebi que o amor de Deus é santo. Mas tarde, percebi também que a justiça de Deus é santa. Não demorou muito para ver que tudo em Deus é santo. Daí foi um pulinho para concluir que a santidade de Deus é amorosa; que a justiça de Deus é amorosa, que a onipresença de Deus é amorosa (Deus está presente em amor!), e assim por diante!
Eu estava maravilhado com minha sabedoria ignorante, que com uma meia dúzia de livros me abriu um campo vasto e amplo sobre as maravilhas de Deus. Mas repare: tudo não passava da doce ilusão de um sonho tolo. Passei anos ensinando isto às igrejas, como sendo “aquilo que eu chamo de atributos qualificativos”. Mas o que me faltava mesmo era ler mais. O tempo passa, a vida muda, as prioridades também, crescemos... No processo, eu fui levado a ampliar minha gama de leituras, o que me permitiu embarcar numa viagem rumo à ignorância sábia. Ops! Você viu, né... vou explicar!
A diferença que eu estou fazendo aqui (onde corro o sério risco de estar reiventando a roda novamente; e só pra usar termo da moda, numa “síndrome de Groddeck”, ou “síndrome do cara que não aprende”) é que o sábio ignorante é aquele que se acha sábio aos seus próprios olhos, porém é ignorante de fato. Infelizmente, para vergonha deste, as pessoas percebem só a segunda parte. À primeira parte, a da genialidade e sabedoria, fica restrita ao universo mental do indivíduo (síndrome de “o fantástico mundo de Bob”). Bom, O caso seguinte é do ignorante sábio, que sabe que é ignorante, reconhece isso e busca sair desta condição. Entretanto, este aqui sabe que o que sabe é que nada sabe (Sócrates...o que você esperava!), e que quanto mais souber, mais saberá que há o que saber, e que estará fadado à ignorância, pois há somente um que sempre saberá tudo sobre todas as coisas: Deus.
Tudo isto esta aí para dizer que lendo o livro do Dr. Poythress, Teologia Sinfônica (disponível na internet), nas primeiras páginas (pra demonstrar que só faltava interesse e disposição de ler; ainda que em inglês), você pode conferir que a proposição do Dr. quanto às perspectivas aplicadas ao estudo da Bíblia, que o uso da técnica de esticar as palavras e seus sentidos para abraças as demais, dá a base e alicerce para fundamentar a perspectiva de atributos que se qualificam. É claro que o Dr. Poythress diz as mesmas coisas que já houvera pensado, porém de outra forma. Mas não dá pra fugir: está lá!
Eu e Groddeck reinventamos a roda... Segundo os psicólogos existem três fases de adaptação. A frustração já passou. Eu ainda acho que quem teve a idéia primeiro fui eu, mas ele escreveu e pôs em livro antes, o que lhe confere a autoria das idéias – estou na fase da crítica... mas não esquenta não, logo eu me rendo...
Mas aí vai um aviso: reconhecer que existem pessoas que expressaram melhor aquela boa idéia que você teve é um exercício de humildade. Você não é tão bom quanto acha que é! Pelo menos, eu não era!!! Isso bom, porque bom só há um: Deus! Mas não pára não. Siga em frente! Cita a fonte e desenvolva em cima. Não é preciso ser refém deles, mas é fundamental saber, em humildade, que somos anões em ombros de gigantes... nós enxergaremos mais que os gigantes... mas graças a eles... Sejamos sábios e humildes, e que ninguém saia por aí reinventando a roda – certifique-se que ela já não existe; o que significa: estude mais, sempre, muito... antes de criar!
Aparentemente, um psicanalista tão absorto quanto Freud desenvolveu técnicas e teorias similares às dele. Seu nome: Georg Groddeck. Teixeira Coelho apresenta em um de seus escritos a informação seguinte: Groddeck já praticava a psicossomática desde 1895 e que acreditou durante certo tempo ter, ele próprio, inventado a psicanálise. Apenas em 1911 soube oficialmente das idéias de Freud. Primeiro foi a frustração de ver que alguém se antecipou a ele, depois, segue-se aqueles momentos de crítica e rejeição. Num terceiro momento, a rendição. Groddeck reconhece a precedência de Freud e inicia com este uma troca de idéias registrada em cerca de 80 cartas ao longo de oito anos (apud, GRODDECK, 1997).
Ok! Mas o que isto tem que ver com minha situação e este post. De fato, a informação me chamou a atenção porque Groddek passou anos sendo enganado. Não por um outro alguém, mas pela sua própria ignorância. Era mais fácil achar-se um gênio, se não há contato com outros cujo os gênios lhe superam a capacidade. A ignorância acadêmica deste psicanalista lhe pegou no calcar de Aquiles, fragilizando-o severamente. A rendição acabou por provar, no meu entender, que ele reconheceu que não poderia ir além daquelas pobres idéias melhor desenvolvidas nos livros de Freud. Pobre dele... e pobre de mim!
Há alguns anos, pensei ter desenvolvido uma perspectiva que enriqueceria o modo como vemos os atributos divinos. A teologia sistemática apresenta dois tipos de atributos divinos: os incomunicáveis e os comunicáveis. Os incomunicáveis, são prerrogativa divina; porém os comunicáveis são comuns aos homens e a Deus; o Criador de onde os homens derivam sua imagem. Ao aprofundar-me, percebi que os atributos divinos, uns e outros, poderiam se entrecruzar e oferecer uma terceira categoria. Nascia o que para mim seria um achado teológico; nasciam os “atributos qualificativos”.
Minha teoria era de que alguns atributos de Deus qualificavam outros. O parto foi mais ou menos assim: Estudando sobre santidade percebi que o tema era amplo, rico e importante nas Escrituras. A raiz da palavra santo está presente numa série de palavras que aparentemente não levam à imediata conclusão da santidade divina. Em seguida, no estudo do Amor de Deus, vi que o amor de Deus é poderoso para santificar o objetivo amado. Logo percebi que o amor de Deus é santo. Mas tarde, percebi também que a justiça de Deus é santa. Não demorou muito para ver que tudo em Deus é santo. Daí foi um pulinho para concluir que a santidade de Deus é amorosa; que a justiça de Deus é amorosa, que a onipresença de Deus é amorosa (Deus está presente em amor!), e assim por diante!
Eu estava maravilhado com minha sabedoria ignorante, que com uma meia dúzia de livros me abriu um campo vasto e amplo sobre as maravilhas de Deus. Mas repare: tudo não passava da doce ilusão de um sonho tolo. Passei anos ensinando isto às igrejas, como sendo “aquilo que eu chamo de atributos qualificativos”. Mas o que me faltava mesmo era ler mais. O tempo passa, a vida muda, as prioridades também, crescemos... No processo, eu fui levado a ampliar minha gama de leituras, o que me permitiu embarcar numa viagem rumo à ignorância sábia. Ops! Você viu, né... vou explicar!
A diferença que eu estou fazendo aqui (onde corro o sério risco de estar reiventando a roda novamente; e só pra usar termo da moda, numa “síndrome de Groddeck”, ou “síndrome do cara que não aprende”) é que o sábio ignorante é aquele que se acha sábio aos seus próprios olhos, porém é ignorante de fato. Infelizmente, para vergonha deste, as pessoas percebem só a segunda parte. À primeira parte, a da genialidade e sabedoria, fica restrita ao universo mental do indivíduo (síndrome de “o fantástico mundo de Bob”). Bom, O caso seguinte é do ignorante sábio, que sabe que é ignorante, reconhece isso e busca sair desta condição. Entretanto, este aqui sabe que o que sabe é que nada sabe (Sócrates...o que você esperava!), e que quanto mais souber, mais saberá que há o que saber, e que estará fadado à ignorância, pois há somente um que sempre saberá tudo sobre todas as coisas: Deus.
Tudo isto esta aí para dizer que lendo o livro do Dr. Poythress, Teologia Sinfônica (disponível na internet), nas primeiras páginas (pra demonstrar que só faltava interesse e disposição de ler; ainda que em inglês), você pode conferir que a proposição do Dr. quanto às perspectivas aplicadas ao estudo da Bíblia, que o uso da técnica de esticar as palavras e seus sentidos para abraças as demais, dá a base e alicerce para fundamentar a perspectiva de atributos que se qualificam. É claro que o Dr. Poythress diz as mesmas coisas que já houvera pensado, porém de outra forma. Mas não dá pra fugir: está lá!
Eu e Groddeck reinventamos a roda... Segundo os psicólogos existem três fases de adaptação. A frustração já passou. Eu ainda acho que quem teve a idéia primeiro fui eu, mas ele escreveu e pôs em livro antes, o que lhe confere a autoria das idéias – estou na fase da crítica... mas não esquenta não, logo eu me rendo...
Mas aí vai um aviso: reconhecer que existem pessoas que expressaram melhor aquela boa idéia que você teve é um exercício de humildade. Você não é tão bom quanto acha que é! Pelo menos, eu não era!!! Isso bom, porque bom só há um: Deus! Mas não pára não. Siga em frente! Cita a fonte e desenvolva em cima. Não é preciso ser refém deles, mas é fundamental saber, em humildade, que somos anões em ombros de gigantes... nós enxergaremos mais que os gigantes... mas graças a eles... Sejamos sábios e humildes, e que ninguém saia por aí reinventando a roda – certifique-se que ela já não existe; o que significa: estude mais, sempre, muito... antes de criar!
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