Qual é o tamanho da sua fé?

Já dizia o ditado “fé demais não cheira bem...” Mais um exemplo de como a busca do homem moderno pelo pragmático e pela quantidade, influencia uma esfera da vida cuja origem não está no mundo natural. Estamos tão acostumados a buscar resultados, números, quantidade, que nos esquecemos do que realmente é importante. Mas isto, de procurarmos mais, mais e mais, não vem de agora, não!
Os discípulos já pediram a uns dois mil anos atrás: aumenta-nos a fé! Pareciam preocupados com os possíveis resultados tímidos de uma fé pequenina. Não podemos criticá-los; afinal, pensaríamos o mesmo: mais fé, mais força, melhores resultados! E não é a assim na prática? Oração forte, fé grande, igreja grande, muito dinheiro, muito poder...
Com tristeza, temos que reconhecer que nenhum bem listado, seguido de “pouco”, “pequeno” ou “humilde” e coisas que tais, causariam qualquer impacto... Quem gostaria de ter uma oração fraca? Ou pouco dinheiro? Quem sabe você é daqueles que gosta de sofrer...?
Observe, entretanto, que o texto diz que os discípulos pediram mais fé, porém não mostra Jesus endossando o pedido. Antes, nosso Senhor aponta para o fato que o tamanho da fé não é tão importante como se pensava. Se os discípulos tivessem fé do tamanho de um grão de mostarda (a menor das sementes), poderiam fazer grandes coisas. Não é uma fé grande ou pequena que se interpõe entre nós e nossos objetivos em obedecer a Deus, mas o objeto de nossa fé e nosso objetivo de engrandecê-lo.
Quanto ao objeto da fé, devemos deixar bem claro: é Ele, Jesus, o objeto da fé, que à fé dá vitalidade e validade. Fé na fé é redundância inútil. É tentar voar segurando os cadarços dos tênis que calçam nossos pés. E por mais que abominemos a idéia fraca de que devamos desenvolver fé em nós mesmos, é exatamente a isto que se presta uma fé cujo objeto não é o Filho encarnado do Deus vivo.
Em outras palavras, a fé precisa ter Jesus por seu objeto. É fé em Jesus e nada mais, ou fé em si mesmo, que é idolatria! Observe que ou é fé em Jesus ou em ídolos, ainda que seja você seu próprio ídolo (fé em si mesmo).
Neste sentido, é como crer que um barco furado possa tranquilamente nos levar para o outro lado do rio. Uma fé assim é barata e irracional. Se o barco estiver inteiro, a probabilidade aumenta consideravelmente (leve em contra a ironia), e a fé de que tal barco possa cumprir seus objetivos descansa sobre bases perfeitamente justas. O barco, objeto da fé neste exemplo pueril, determina o êxito da fé. [Lembrete: exemplos são só exemplos, e por natureza falhos em abraçar toda a realidade exemplificada;portanto, seja misericordioso e não absolutize o exemplo]
João, o batista, ilustra bem a segunda parte. Quando teve a oportunidade de falar sobre sua fé, roupas, ministério não usual, se referiu ao objeto de sua fé como alguém de cujas sandálias não era digno desatar-lhe as correias. Novamente, em outro lugar também diz: importa que ele cresça e eu diminua.
Por vezes, devo começar admitindo, desejamos uma fé maior, não para que se veja em nós a operação do Maravilho Espírito Santo, mas sim para que vejam o Maravilho e Santo instrumento do Espírito. Chamamos para nós os holofotes, quando estes sempre que dependessem de nós, deveriam estar apontados para Cristo, autor e consumador de nossa fé. Antes então de desejarmos ter maior fé, deveríamos nos contentar em ter uma pequena fé num Deus Todo-poderoso, Uma fé frágil num Deus invencível, Uma fé infantil num Deus Pai!

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