Questão de saúde pública ou de moral?
Em épocas eleitorais os ânimos se acendem e parecemos vivenciar cenários de guerras, nem sempre frias, nem sempre quentes, mas sempre com vítimas.
Numa democracia, em que o povo exerce seus direitos eleitorais pelo voto secreto, as principais vítimas do resultado final destas escolhas é o mesmo povo eleitor. Às vezes parece que o povo se esquece disso...
Ultimamente algumas questões têm sido levantadas e com elas os ânimos. Isto porque na próxima legislatura teremos, possivelmente, novidades legais que tangem aqueles que professam uma fé evangélica e que a sustentarão a despeito do Estado. Estes poderão sofrer sanções justamente porque crêem que antes "importa obedecer a Deus do que a homens". Certamente que isto não significa, de forma alguma, incitação ou permissão para a revolta civil ou desobediência às autoridades por todo e qualquer motivo; pois os mesmos que afirmam o dito acima, são os que reconhecem que toda autoridade é ministro de Deus e está por ele constituída; caso contrário, não estariam onde estão.
Nossos compatriotas estão sendo solapados por um marketing manipulador que, caso não sejam seriamente alertados, até o mais bem intencionado poderá sucumbir aos argumentos mais falazes e ignóbeis que têm sido defendidos como sendo a mais alta sabedoria e preocupação pública. O aborto é um destes temas, e discussão sadia sofre com a confusão ética, moral e cível.
Recentemente um líder partidário, replicando as críticas feitas ao seu partido por causa do posicionamento sobre este tema, sustentando a posição disse que o aborto não deve ser discutido sob a égide moral, mas sob a perspectiva da saúde pública. Seu argumento, estranhamente "pró-vida" (leia-se a ironia destas palavras) era que a mulher desejosa de abortar, que não conta com abundância de bens, se submete ao aborto sob riscos extremos, incluindo a morte. Para evitar que esta menos abonada tenha fim diferente daquela financeiramente mais rica, o governo público, com grande preocupação com a saúde da mulher, quer tornar o aborto permissível e quiçá subsidiado pelo poder e finanças públicas. Um vídeo, de valor razoavelmente alto, foi produzido para dar a população a impressão de que a ideia é preferível, e tem sido veiculado, com vistas a ganhar a simpatia da população.
Causa muita estranheza que seres morais queiram e consigam separar qualquer questão ética (de prática) da questão moral (certo e errado). Deixe-me exemplificar: Como pode o mesmo homem que disse o que foi descrito acima, ficar enraivecido com o pronunciamento contrário ao seu pensamento, acusando o crítico de mentiroso, se para ele questões morais são separáveis das éticas? Ou seja, mentir é errado, mas segundo que regra? Mentir só é feio e ruim quando eu sou prejudicado? Ou é em qualquer circunstância? Como a questão moral (mentira) não ficou de fora desta, mas a perspectiva moral sobre o aborto pode?
Por estado laico, como é o Brasil, não se entende que este governa a nação a despeito de qualquer valor moral. Significa que princípios religiosos múltiplos são toleráveis em liberdade de expressão, uma vez que o governo não esposa nem privilegia nenhum deles. Entretanto, este ainda é um guardião dos bons costumes e sadia moral. Oras, se assim não fosse, qual seria o sentido de haver justiça pública, prisões, críticas e processos por corrupção?!?!?
Por saúde pública, um governo que entenda que a vida uterina é responsabilidade e direito materno é alienado e imprudente. Como pode o governo olvidar-se de tantos casos de irresponsabilidade e assassínios que as mães têm proporcionado? Ou não pesa o fato de uma jovem (às vezes adolescentes!) estar confusa diante da gravidez não planejada?
Saúde pública?!?!? Gasta-se milhões para ensinar que abortar é bom, que sexo é algo seguro desde que realizado com "proteção"; mas e quanto a uma educação moral que ensine a refrear o desejo incontrolável por erotização e sexo? O governo, tal como muitos eleitores, se entende e entende o próximo como um mero animal, cujos impulsos biológicos são puros e insaciáveis, devendo-se sempre dar vazão aos mesmos. Somos animais, que copulam desenfreadamente! E depois, impiedosamente, ao nosso bel prazer, matamos nossas crias indesejadas... Se soa como exagero, repense a questão com calma e avalie se, de fato, não é assim!?!
A questão da saúde pública é uma questão moral! E se é uma questão moral, os religiosos não estão tão errados assim em se pronunciar, pois questões morais são justamente questões religiosos intrinsecamente falando. O problema humano é moral! Deus é um Deus moral! E a Bíblia é regra de fé e prática para todos, pois todos serão julgados com base nela, crendo ou não.
Somos maus e precisamos da ação benfazeja do Senhor Deus sobre nós para que nossos desejos, agora corrompidos pelo pecado, não dêem à luz a morte, nem sob a forma da lei. Se assim não fosse, expressões como mau, corrupto e pecado não caberiam para descrever o coração humano e seu estado de queda.
O governo esquece que a vida da mãe não é mais preciosa que a do feto, é tanto quanto! À guisa de proteção da mãe, mata-se o filho. Ninguém pensa na saúde pública do feto?
Sim, é uma questão vida ou morte, de saúde pública, mas igualmente de moral pública e de pecado público. Retornemos à boa Palavra de Deus e reavaliemos nossa prática, nossa ética, nossa conduta...
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