A gente nunca leva!

Neste post não tecerei uma crítica à bebida alcoólica. Embora a ingestão de bebidas alcoólicas por parte de cristão seja passível de análise crítica, não é o propósito do presente. Esta meditação/desabafo é sobre alguns costumes que rondam estas bebidas em épocas de festas.
Já não é tão raro encontrar naquela festa de casamento ou aniversário, lá no fundo, aquela bebidinha proibida, mesmo quando o anfitrião se diz cristão. Lembro-me de algumas cenas... mas por vezes eu sou lembrado, não porque me contam, mas porque ela se repete tristemente.
A justificativa vem dizer que a presença de incrédulos na festa demanda a presença de bebidas alcoólicas. Sem elas, os amigos não comparecem. O descaramento é tamanho por parte dos futuros bêbados, que quando os convidamos temos que ouvir perguntas do tipo: vai ter bebida? Cerveja? Se não não vou!
A questão não é se vai ter ou não bebida alcoólica, mas sim qual presença é mais importante para mim nos tempos de alegria e congraçamento. Por que cedemos a esta frágil negociação ímpia que impõe seus desejos para que se dê o ar da graça de sua presença? Claro que meus amigos são importantes para mim; mas certamente, se são mesmo amigos meus, sabem (se não, passam a saber desde já) que jamais superarão em importância a presença e o agrado do amigo Jesus!
Se em minha festa não houver bebida, sou ameaçado de ser privado da presença do "amigo", sob pena de ser instantaneamente trocado, como uma fralda, por uma outra festa que atenda aos reclames do bebedor.
Qual presença em minha festa faço realmente questão de ter: de Deus ou dos amigos? Você não tem que escolher entre um e outro necessariamente, se seus amigos temem ao mesmo Deus que você. Mas se for forçado a escolher, qual terá sido a sua escolha?
Nós nunca levamos! As regras são sempre as deles... Se vamos às suas festas, regadas a bebidas, então estamos sujeitos àquelas cenas deprimentes de bebedices e descaramentos. Mas se vêem às nossas, por que as regras continuam sendo as deles? "Mas... sabe o que é... é que meu filho, pai, tio, parente, amigo, irmão, não crente, e ele não vem se não tiver..."
A casa é minha, mas as regras não... Na casa deles a regra é deles, na minha casa a regra é deles... Quando serão as nossas regras?
Você pode pensar que neste mundo as regras sempre serão deles mesmo, mas creio que este não é um caminho seguro de se seguir. Fomos chamados para ser sal da terra e luz do mundo. Na condição de sal da terra nós impedimos esta de apodrecer. Sei que alguns argumentam que o crente é como o sal, que dá sabor, etc; mas certamente esta é uma visão forçosa do texto. O sal, como Jesus o disse, é colocado na condição de impedidor do processo de corrupção que acaba no apodrecimento final. Se não podemos impedir, pelo menos retardar. Somos também luz do mundo. Se nossa luz não iluminada, do mundo é que não virá. Cabe à nós sermos luzeiros capazes de clarificar boas decisões, boas alternativas, boas escolhas. Mas quando nossas escolhas são reféns das escolhas ímpias, em nome e por amor das amizades, então é para outro texto do Evangelho (Mt 10.36-38) que temos que apelar: "quem amar mais... os amigos, não é digno de mim", parafraseando o Senhor Jesus!
Se tal como em Deuteronômio se lê (28.13), que somos cabeça e não cauda, por que nas nossas festas é a cauda que abana o cão, e não o inverso?
A gente nunca leva, porque a gente não quer, não luta... não faz valer nossa condição de influência, e acabamos influenciados...! Que Deus tenha misericórdia de Seu povo!

Comentários

Ana Carolina disse…
Infelizmente, já pequei neste sentido, mas pela graça de Deus, não fazemos mais isto. Na casa de crente, o Senhor é Jesus, não o amigo ou parente. Mesmo porque ,naturalmente, tornam-se bons e verdadeiros amigos os que compactuam do mesmo amor e reverência ao nosso Deus!
Não podemos servir a dois senhores! (Mt. 6:24)
Acredito que todos nós já pecamos neste sentido algum dia. Não foi diferente comigo, em algum aspecto ou em alguma medida. Mas ser servo de Deus requer coragem de enfrentar nossos medos interiores, porque é lá, no interior do coração, que abrigamos os maiores ídolos. abcs