Humildade


Eu pensei que para se escrever sobre humildade, o escritor precisaria ser humilde. Acredito que assim pensaram muitos antes de mim, e por isso tão pouco sobre o tema saiu editado em livros. C.J. Mahaney mudou minha maneira de pensar em seu livro sobre humildade.
No evangelho do Senhor Jesus, segundo registrou Marcos, no capítulo 9, lemos sobre a discussão orgulhosa entre os discípulos acerca do maior e o menor no reino de Deus. Jesus faz uma constrangedora pergunta sobre o que conversavam. O silêncio encheu a estrada por onde vinham...

Tomados por uma pecaminosa coragem, João e Tiago, mais à frente resolvem tirar à limpo a questão e sugerem que, ao chegar em Jerusalém, e estabelecer seu trono e reino, que o Senhor Jesus escolhessem a eles dois para assentarem-se em lugar de honra. Um à esquerda e outro à direita (Mc 10).

A sugestiva e acurada análise que Mahaney faz é que "os desejo orgulhosos do coração deles estão expostos. Nada há de sutil no pedido deles. Não estão pedindo o privilégio de apoiar Jesus durante o sofrimentos pelo qual Ele passaria. Não pedem fé para suportar tal sofrimento. Eles querem ser famosos e nada mais. Tiago e João definiram grandeza como poder e posição, e desejam o título. Querem o respeito, a aclamação e a importância. Naqueles corações dominados pelo orgulho, Jesus é apenas uma forma de conquistar seu objetivo de exaltação pessoal."

Na minha perspectiva "eles esqueceram dos detalhes, para os quais o orgulho tende a cegar. Preocupados em garantir a preeminência em relação aos demais discípulos, pediram os dois lugares mais honrados, mas esqueceram que mais cedo ou mais tarde, estariam novamente em disputa, quanto a quem iria sentar-se à direita e à esquerda".

O orgulho é tolice e torna o orgulhoso um tolo também. Não vê e não entende. Tiago e João queriam destacar-se dentre os discípulos; mas logo estariam desejando destaque um em relação ao outro!
Somos todos assim: medimos nossa grandeza em relação ao vizinho. Pense neste exemplo que rev. Wadislau Gomes gosta de usar: Se você ganhar um prêmio em dinheiro e se tornasse o mais novo milionário da família, com um gorda conta de 2 milhões de reais, e permanecesse em seu bairro, em relação aos demais você seria o mais rico! Mas você resolve se mudar para um bairro mais nobre, e percebe que não é tão rico assim, mas tanto quanto os demais. Perde-se um pouco o brilho da riqueza. Mas é então que para a casa ao lado muda-se, inesperadamente, Bill Gates, cuja fortuna fazem parecer seus 2 milhões uma gorjeta de manobrista. Quem é o rico agora?

A tolice do orgulho está em manter a comparação no nível mais baixo e humano possível, comparando-nos aos que nos cercam. À medida que nos distanciamos dos níveis mais baixos, o orgulho nos força a considerar o elemento mais próximo para que uma nova etapa de superação orgulhosa se inicie... a altivez é insaciável! Tiago e João esqueceram disso, e antes que um olhasse para o outro, Jesus chamou a atenção deles para si. Fê-los ver que Jerusalém era o lugar de seu martírio e, se alguém desejasse ser realmente grande no reino de Deus, deveria seguir seus passos, que caminharam trôpegos até o Gólgota, carregando a cruz.

Nos medimos uns com os outros e pesamos nossa humildade em relação a eles. Que tolice! Comparados ao Senhor da Glória... Quem é o Senhor da Glória? O Senhor dos Exércitos, Ele é o Senhor da glória, e comparados à humildade que demonstrou, desde o nascimento, passando por sua vida e por fim morte vicária, levando em conta, por exemplo, a cena do "lava-pés", quem somos nós e onde foi parar nossa humildade?

Se alguém ousar, em sua própria arrogância, acusar-me de orgulhoso... chegou tarde! Antes de todos, as Escrituras já o disseram. Contudo, sem o desejo de ver-me humilhado tão somente, com graça redentora abaixou meu olhar altivo para que eu pudesse ver a cruz... Olhada de baixo ela é ainda mais bela!

Aprendamos todos que a verdadeira humildade começa com a consciência de nossa própria arrogância e orgulho, e desejemos ser como Jesus, que não julgou como usurpação o ser igual a Deus, antes a si mesmo se esvaziou...

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