E eu vos passo a falar de um caminho sobremodo... esdrúxulo!

Sim, meu povo. Após as igrejas se tornarem um fenômeno comercial, apresentando-se não mais como uma agência do Reino de Deus, mas como um bom negócio empresarial; após a enxurrada de igrejas com nomes estrúxulos com práticas ainda mais esquisitas do que seus nomes... chegamos ao início de mais uma era: A era das igrejas com nome de música!
O que eu mais lamento enquanto escrevo este artigo é não ter como registrar estas coisas de imediato, pois minha memória consegue ser pior que o meu coração quando o quesito é ser enganoso... Eu não me lembro ao certo, mas comentando com alguém, parece que já ouviram falar das igrejas cujos nomes são trechos de músicas conhecidas... E qual é o mal nisso?
Bom, vamos analisar o fato.
Como deveria ser: A igreja fornecia a teologia através da pregação fiel e constante do púlpito. O ensino correto e sério das Escrituras abriam a mente e o coração daquele membro fiel e frequentador, a quem Deus houvera dado o dom estraordinário de compor músicas. Aos poucos a coisa começou a mudar, mas até a mudança, o que tínhamos eram músicas que refletiam esta condição: músicas nasciam de pregações contundentes e penetrantes. As letras eram bíblicas e a melodia (por melodia entenda todo o conjunto que compõe a música em seus aspectos sonoros) uma serva capaz de fazer com a letra penetrasse fundo no coração, levando a mensagem às profudezas da alma.
De uns tempos para cá, a situação mudou. Criou-se na igreja a mentalidade que a coisa mais importante no culto e na vida eclesial era a música e o jovem. A música era o principal instrumento para atrair e manter o jovem na igreja, com vistas a, mante-los por tanto tempo que não mais quisessem sair. A coisa migrou para um nível ainda pior quando resolveram buscar nos jovens o referencial musical que mais agradava. Como o centro do culto não mais era Deus e seu povo, o efeito foi que as músicas não mais contemplavam assuntos complexos, não mais perscrutavam as profundezas do ser, seus dilemas, conflitos e experiências marcantes de conversão e abandono da vida pregressa. De fato, as letras foram aos poucos perdendo seu vigor e tornando-se cada vez mais superficiais, tanto em conteúdo quando em poesia. Logo estávamos submetidos a um tipo de música repetitiva, de letra minúscula e de pouca mensagem. Se a migração estivesse parado por aí... mas lamentavelmente continou. Não demorou muito para que o sentido daquela já pequena mensagem se perdesse, e as palavras, agora desconexas, fossem repetidas com melodias mais inebriantes e envolventes. Se esta era a fórmula para manter não só os jovens, mas a todos entretidos na igreja, era necessário investimentos mais pesados na músicas.
Aos poucos as igrejas foram abandonando a centralidade da Palavra e sua pregação, não somente na prática, mas também na arquitetura. Templos se tornaram teatros, púlpitos tornaram-se palcos, e pastores em palhaços. A era do entretenimento espiritual se instalara. A música, antes veículo são abençoado, para a adoração a Deus e edificação dos crentes, agora era o centro da reunião eclesial. Os motivos já não mais importavam... o importante era se reunir e cantar, cantar e cantar.... afinal, a máxima era experimentada como se verdade fosse: "quem canta seus males expanta..."
O que podemos dizer? Talvez, seria melhor dizer que, sem consideração do que se canta, sem atenção para o que se diz na letra da música, sem atenção para o caráter bíblico do que se diz em verso musical, quem canta sem a mente, seus males expande!
A música passou não só a comandar a igreja, como fruto de uma teologia fraca e uma mensagem ainda mais fraca, os compositores passaram a comandar a própria teologia, fornecendo expressões e conteúdo teológico diverso, mas contante na vida da igreja. Estas expressões tomaram tanto corpo que passou a ser comum os crentes perguntarem onde ficava aquela passagem que dizia assim... e recitavam um trecho de alguma música "gospel".
Mas quando vemos que uma igreja nomeia-se a si mesma com um trecho de música, o que dizer, senão que a música se tornou a principal fonte de autoridade na igreja? As coisas estão seguindo o caminho inverso e o resultados são imprevisíveis...

Igreja, Deus, Cristo e Religião são coisas sérias. Se cantar, cante com responsabilidade. Se compor, componha com biblicidade. Se tocar, toque com arte e com júbilo. E que Deus se agrade de nosso louvor!

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