E em Junho... Festa Junina. E o crente com isso?

      Algumas coisas são bem cíclicas nesta vida, como as festas do calendário brasileiros, e as controvérsias que elas levantam. É quase como se anualmente tivéssemos que refazer nossa opinião a respeito dos repetidos temas. Não basta eleger um ano no qual tratar de um tema específico, é necessário retornar a ele toda vez que ele aparecer... ainda que anualmente, um ano após o outro...

         E este ano, como nos anteriores, terá festa Junina! Você sabe o que é isto?


 Não... ela não é junina só porque acontece em Junho, mas porque pretende ser uma comemoração do nascimento de João, o Batista, uma vez que ele teria nascido 6 meses antes de Jesus, cujo nascimento é comemorado dia 25 de Dezembro (portanto, 24 de Junho).

A pergunta que é levantada pelos cristãos, em virtude da festa, é se a participação lhes é vedada ou permitida. Esta questão vem sendo respondida por muitos blogs, e de maneira bem satisfatória. Um altissonante "Não, não pode!" vem sendo ecoado na internet. Com o que concordo, afinal, ajuntar-se em banquetes e rituais pagãos ou idólatras é algo com o que um cristão jamais se envolveria conscientemente. Respondido isso, vamos para a questão que realmente interessa. Antes porém, resguardo o direito de outrém pensar diferente de meus apontamentos aqui escritos. Outrossim, convido o discorde à reflexão, e se mesmo assim o acordo não for possível, seja Deus o juiz da questão. Não somos juízes uns dos outros, somos, antes, irmãos...

         Agora a questão é outra: Uma vez que a festa foi incorporada pela sociedade, ao ponto de se tornar um traço cultural, ela vem sendo aos poucos absorvida também pela igreja. Numa tentativa de "redimir" a manifestação cultural, temos sido testemunhas de festas capiras, da roça e outras sutilezas linguística para importar algumas coisa oriunda do festejo popular, bem conhecido pela sua anual realização em Junho.

         Apelamos, como os demais, ao mesmo texto bíblico: 1 Co 10.19-23. Nele o apóstolo autor do texto deixa bem claro qual deva ser a posição do cristão frente ao desafio de participar ou não do festejo popular. Lá são estabelecidos os princípios que norteam a decisão que deve ser tomada mais uma vez, pelo menos este ano...

          Paulo divide sua resposta aos Coríntios em três etapas, bem conhecidas:

1. É vetado a participação do cristão em ritual pagão ou de ordem religiosa. Motivo: mesmo que não seja a intenção, é aos demônios que a mesa foi oferecida, e o cristão não pode participar das duas mesas, ou seja, daquela com Cristo (Santa Ceia) e desta, idólatra;

2. O convite feito pelo amigo de outra confissão religiosa pode ser aceito. Não é um claro sim, nem um peremptório não. É uma permissão condicionada à percepção dos que estiverem presentes. Motivo: o escândalo deve ser evitado para não se ferir a consciência do irmão, por quem Cristo também morreu;

3. Sem maiores perguntas, seguindo o motivo anterior (escândalo), comprar carne no mercado era permitido. O contexto de Paulo era aquele em que uma boa parte da carne sacrificada aos ídolos pagãos nos templos idólatras não era totalmente aprovaitada, sendo enviada ao açougue para venda. Como a carne nunca pertenceu aos ídolos em si, uma vez que eles não existem, sendo somente frutos da imaginação idólatra de seu adorador, uma vez que recebidos com gratidão pelo crente, que corretamente creditava a benesse ao Deus Criador e Redentor, podia ser recebido sem maiores problemas.

          O problema começa é agora! Com base nisso, muitos afirmam que, preservado o princípio regulador da participação, qual seja, o escândalo, a participação lhes é permitida, claro, desde que a festa em si não tenha qualquer indicação religiosa... Mas, se feita por uma igreja (mesmo que seja a sua), não teria a festa a sua conoatção religiosa pela própria natureza religiosa que uma igreja encerra? Assim como a carne, se sacrificada a ídolos ou não, continuava sendo propriedade de Deus, e portanto de Suas mão deveria ser recebida com ações de graças, assim o é o milho e seus derivados, bem como as demais peculiares guloseimas e comidas que com a festa junina estejam assossiadas. Pertencem a Deus e Dele devem ser recebidas com gratidão. Contudo, não dentro do contexto da festa Junina. A associação é autoevidente.
 
              Mas e se a igreja alterar o nome, e alguns aspectos? O argumento por trás da pergunta é que a festa já se tornou fenômeno cultural, e a associação, que eu disse estar clara, não estaria mais tão clara assim... Observe porém que esta parece ser justamente a estratégia: esvaziar de significado o ritual, seja ele qual for, mas manter-se a estética externa do mesmo. Muitos frequentadores de igreja vêem a liturgia da mesma forma... é apenas o jeito como se faz. O significado vem sendo relegado a papel de segundo plano. Se houver algum, ele é dado por quem realiza o rito ou feito, ou seja, não existem mais significados objetivos, eles são atribuídos por você... e você pode atribuir um significado não idólatra para a festa junina... quem sabe até santificar um ou outro aspecto dela.

          Sem significado objetivo para as coisas, nada mais faz sentido, à menos que você dê um. Assim, você acabou de se colocar no lugar Daquele que a tudo dá significado. Sim, a festa não se torna menos idólatra por isso, ao contrário... mudamos o ídolo: "Eu sou o deus da festa, e atribuo a ela outro significado". De fato Deus fez isso, e até instituiu que houvessem festas. Deus não é contra festejos alegrias e comidas... Ele no-las deu. Ele só quer ser o Deus da festa! Ele o é da festa junina? Se sim, como?

              Tendo sido ensinado numa cultura cristã protestante e que nunca entendeu como proibida a participação se festas juninas na escola, ou na igreja. Tendo crescido num ambiente em que festas do milho, da roça, da fazenda e afins eram comuns, digo: não é bom que sejam assim, irmãos. Não estou defendendo minha cultura ou costume antigo... pelo contrário. Veja, comer milho é  bom (falo como homem...), mas tem que ser em Junho, numa festa? Eu comeria uma boa pamonha agora mesmo! Como o fiz em Janeiro... e o farei quantas oportunidades tiver... Não é a comida pecado. Nem a fogueira que assa a batata... Como tudo que temos à mão, é o uso que fazemos destas coisas diante de Deus (coram Deo) que demonstra o quanto santificamos a Cristo em nossos corações. Que seja para Deus ver, e assim, vejam os demais...

                Espero que este texto tenha ajudado você a pensar sobre o assunto... 
 
Pelo reino!

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