Conferência Fiel 2009

Tive, neste ano, a grata oportunidade de conhecer o congresso realizado pela editora Fiel. Neste ano tivemos a presença de Mark Dever e Donald Carson. Este homens de Deus trouxeram palavras abençoadoras e ricas. A profundidade bíblica, excelência acadêmica e estrita fidelidade ao que diz as Escrituras, foram realçadas e abrilhantadas pelo bom clima de piedade, devoção e unidade da fé que o ambiente proporcionou.

O tema fora "Justificação pela fé", que alguns podem pensar ser um tema batido, afinal, desde a Reforma protestante no século XVI ele vem sendo estudado e é, conforme o disse Lutero, a doutrina pela qual a Igreja permanece, ou cai. Tema conhecido e bem aceito entre nós. Entretanto, a abordagem e a praticidade com que foi abordado o tema, trouxe à lume importantes lições, preciosas, que nos lembram o quanto devemos descançar na justiça divina, para não cairmos na auto-justificação.

Fomos lembrados que só existem duas religiões no mundo, e de fato creio ser assim: em uma, a justiça necessária para escapar da condenação eterna repousa em nós e em nossos feitos bondosos e cheios de caridade e solidariedade. Sobre nosso senso de justiça e consequente prática dela. Repousa sobre nossos motivos e em como os encontramos para justificar nossas ações. Em resumo, esta religião fala sobre nós e nossas obras - é a doutrina da auto-justificação.

A outra religião segue de perto o sentido do termo, pois religião quer dizer "religação", vem de religare (latim) e pressupõe que a ponte que ligava o homem a Deus está destruída e não mais gozamos de comunhão e ligação com Deus. Nesta religião, somos lembrados que o que destruiu a ponte foi uma coisa altamente danosa, perigosa, corruptora e ofensiva, chamada PECADO. Nesta religião se crê que quem está nesta condição, de pecador (e todos estão segundo esta religião, pois todas já nascem assim. Vd Salmo 51) não tem condições de restabelecer este laço quebrado. Acontece que neste religião a ponte é restabelecida pelo próprio Deus, que em Cristo Jesus não somente torna possível, mas realiza a religação, desde que se creia em seu nome e o confesse como aquele que possui os méritos da lei, e os cumpriu no lugar daqueles que, desinteressados, não teriam como a cumprir. Nesta religião, a justiça repousa sobre um homem, Deus-homem, que não somos nós, mas veio para que nós sejamos salvos da ira. Nesta religião não são nossas obras que contam, mas a vida e a obra de Jesus Cristo. Esta é a religião da justificação pela fé!

Quando retornamos, já no final de semana, fomos lembrados pela Palavra de Deus, a Bíblia, que ao nos apresentar diante de Deus, nos falta o necessário para que estabeleçamos o tão pretendido elo de ligação com a Divindade que ansiamos no culto. Salvos se, em Cristo e sob os merecimentos dele, oferecermos um culto que esteja baseado em fé - sem a qual é impossível agradar a Deus (Hebreus 11.6).

De modo que, justificados pela fé, o agora justo, oferece seu culto com base numa fé que vem de Deus e não dele próprio, cujo fundamento é a obra propiciatória de Jesus Cristo no lugar e em favor de todo aquele que tem fé, com o fim de agradar a Deus, não porque oferece sua fé, afinal esta é dom de Deus, mas porque pela fé está implícito, mas não escondido, o fato de que o agrado de Deus se encontra em Jesus, seu único e amado filho, e todo aquele que se aproxima de Deus, busca em Cristo o agradar de Deus. Deus se agrada de Cristo e aqueles que têm fé Nele, são vistos como se fossem ele. Assim, não somente fica fácil cultuar, mas dá estímulo e vontade para tanto.

Durante toda a semana de conferência nossos corações se encheram de ações de graças e desejo intenso de explodir em louvores e adoração, com coração grato pela salvação graciosamente concedida em Cristo. Desejo satisfeito, pela fé, no culto oferecido no Domingo!

Agora sim, fica claro e traz ao coração grande regozijo, quando lemos que "sem fé é impossível agradar a Deus" e "o justo viverá pela fé". Quem em ouvidos para ouvir, ouça!

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